Era noite e não podia ser mais nenhum outro momento.
Sentados, frente a frente, não mais lado a lado, conversávamos.
Já se tornou um hábito sentar-nos assim, uma vez
que nos desafiamos
nos cansamos
nos magoamos
e nos amamos de igual para igual.
Você na minha frente, apenas,
um céu sobre nossas cabeças
e nossa pretensão de nos definirmos.
Eu me segurava, com medo de cair
– não sei se do peitoral da varanda pro chão,
ou pra imensidão deste céu negro estrelado.
Cair só é possível quando seus braços estão em mim
segurando meu corpo e evitando que eu me quebre,
me solte de mim. Meus pedaços, tão pequenos
a ponto de serem indivisíveis.
Apagamos as luzes para ter mais luz.
Nossos olhos precisam estar acostumados com a escuridão
para então enxergar o brilho das estrelas.
O céu, limpo de nuvens, tinha sua paz cortada por um avião.
Gostamos de vê-los como estrelas.
Gostaríamos de estar nele,
para estar mais próximo delas
e mais longe daqui.
A Lua nos sorria,
concordando com nossos sonhos
como uma madrinha que gosta de ver
no rosto do afilhado o desejo por algo melhor,
sem a responsabilidade de lhe oferecer algo melhor.
Posta de lado a Realidade, sonhamos.
Foram segundos intermináveis onde meus olhos correram
da luz do luar,
para a luz dos teus olhos
e a chama do seu cigarro.
Foi um lampejo de Paz,
um milésimo de Felicidade,
um fotograma da Beleza,
e a vontade de uma vida inteira de Amor.
Raphael Granucci Pequeno